A REPRESENTAÇÃO DA CRIANÇA NO UNIVERSO DISNEY
POÉTICA, ÉTICA E ESTÉTICA
Palavras-chave:
cinema de animação, infância, estética, ideologiaResumo
Configurando um percurso de quase cem anos, o gênero animação conquistou adeptos, emocionou multidões e se firmou no mercado cinematográfico contemporâneo. Caracterizado como um sistema polissêmico, dialógico, revestido de uma complexa teia sígnica, e edificando uma extensa historiografia marcada por propostas estéticas distintas, foi responsável pelo surto de personagens que se tornaram ícones da cultura pop, como Mickey, Donald, Pernalonga, Popeye e, principalmente, Betty Boop. Tendo em vista esse quadro, a presente pesquisa tem como principal objetivo problematizar as poéticas veiculadas em desenhosproduzidos, divulgados e comercializados entre 1920 e 1960, período apontado pela crítica como “era de ouro da animação”. Parte-se, assim, da tese de que o cinema gráfico introduz, como protagonistas, personagens infantis a partir de modelos bastante heterogêneos sobre crianças, que refletem, via de regra, o ideário cultural e os aspectos ideológicos e antropológicos inscritos no contexto histórico e social no qual a animação está inserida. Para tanto, a investigação, de cunho historicista, pretende discorrer sobre as principais animações do período, especialmente as rubricadas por Walt Disney e seus respectivos sucessores. Almeja-se, desse modo, a partir dos recursos empregados pelo estúdio e pelo artista na tessitura do texto visual e das múltiplas vozes instauradas ao longo do discurso, identificar as propostas estéticas e os modos de representação endereçados às crianças.