DA PERDA À SUPERAÇÃO: A VIVÊNCIA DO CONCEITO DE RESILIÊNCIA EM MULHERES QUE PERDERAM SEUS COMPANHEIROS

Resumo

Na atualidade o ser humano passa, ao longo de sua vida, por vários riscos e adversidades. Acrescido dos avanços tecnológicos o processo de informação tornou-se muito acelerado, e o tempo para a absorção é restrito, em conseqüência ocorre inúmeras mudanças e com elas pressupõe perdas, dor e sofrimento. Frente a tais processos de superação, a resiliência se mostra um importante conceito Resiliência foi, a princípio, um termo usado pela física para identificar a invulnerabilidade de uma peça depois de submetida à pressão. Em psicologia o conceito define a pessoa que após momentos difíceis, continuasse intacta psicologicamente, invulnerável. Assim, ser resiliente é ter a capacidade de superar momentos de adversidade, não excluindo, no entanto, a possibilidade de permanecerem as marcas. O que acontece é uma capacidade de elaboração, de uma reconstrução de vida, uma reorganização dos conceitos e crenças e valores. Através da realização de entrevistas com mulheres após a morte de seus companheiros (com períodos de viuvez entre dois e dez anos), se observou que as entrevistadas demonstraram serem resilientes, pois, reinventaram seu modo de vida com criatividade e esperança de um futuro melhor. Demonstraram uma elaboração do acontecimento, guardando as boas lembranças e projetando suas vidas. Como nos diz uma das entrevistadas: “hoje faz muita diferença em relação a tudo isso, e eu vejo cada vez, cada dia que passa algo pra melhor, muito melhor, e os sentimentos que tem relação a ele amadurece, e tudo que se amadurece melhora”. A partir disso, pode-se dizer que a resiliência é esta tal capacidade de reconstrução das muralhas um dia derrubadas pela tempestade da vida. Assim, este trabalho não tem o objetivo de esgotar as discussões sobre o tema resiliência, mas sim, chamar a atenção da necessidade da reflexão sobre a questão e, sobretudo, contribuir para esta discussão.