A MORTE E SUAS VICISSITUDES: UM ESTUDO COM MÉDICOS E SUAS PERCEPÇÕES ACERCA DA FINITUDE HUMANA
Palavras-chave:
Morte. Medicina. Psicologia.Resumo
O presente trabalho consiste no estudo da percepção do conceito de morte para aqueles profissionais que convivem diariamente com ela: os médicos. Possibilitar a compreensão da relação deste médico com a morte e seu paciente pode acarretar conseqüentemente na melhora da relação entre esses personagens característicos do ambiente hospitalar e num modo de a Psicologia contribuir para esta relação interpessoal; objetivando a percepção do modo como os profissionais de Medicina vêem a questão da morte, compreender as defesas usadas por estes no trato diário com o paciente que pode vir a morrer e identificar possíveis diferenças na maneira de lidar com a morte com relação ao tempo exercido na profissão. Para tanto, foram realizadas entrevistas semidirigidas com quatro sujeitos do sexo masculino, clínico-gerais, sendo que dois atuantes há mais de 15 anos e dois com até 5 anos de formação no curso de Medicina. Mediante isto, pôde-se concluir que a racionalização da morte, a cisão da figura profissional da vida pessoal, a religiosidade, a negação da própria finitude e o distanciamento dos sentimentos com relação aos pacientes consistiram nas principais condutas defensivas apontadas; que a percepção da ideia de morte e a posição da Medicina frente à mesma condizem com a formação acadêmica de cada entrevistado; e, principalmente, que o tempo de exercício na profissão afeta sobremaneira o modo como estes profissionais assistem aos seus pacientes.
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