INTERVENÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR NOS ESPAÇOS DE UMA CLÍNICAESCOLA: ESTUDO DE CASO

Autores

  • Evelyn Yamashita Biasi
  • Cassiano Ricardo Rumin

Palavras-chave:

Saúde Mental, Saúde do Trabalhador, Acidente do Trabalho, Clínica-Escola

Resumo

Após a redemocratização política do Brasil e o estabelecimento do SUS, as reformas que atingiram a oferta de
serviços de saúde envolveram uma nova gestão em Saúde Pública, incluindo a Saúde do Trabalhador. A partir desse
ponto, as práticas ligadas a saúde do trabalhador são abordadas como campo de estudo e intervenção da Psicologia.
Neste trabalho apresentam-se reflexões inerentes a atenção em saúde mental a um trabalhador que vivenciava o
desgaste a saúde decorrente da execução de ações produtivas. Como método de pesquisa adotou-se o estudo de caso
em razão da possibilidade de indicar especificidades do reconhecimento do nexo causal em saúde do trabalhador
e apontar referenciais de atuação. O objetivo consistiu em discutir a intervenção em Psicologia direcionada a um
trabalhador que adoeceu mediante o desenvolvimento de atividades produtivas. Os resultados indicaram que a
procura pelo serviço de Psicologia na Clínica-Escola decorreu da manifestação de intensa agitação psicomotora,
persecutoriedade e prejuízos a orientação temporal. Este quadro de agravo à saúde mental estava associado a cólicas
intensas acompanhadas de diarréia e fadigabilidade aumentada, causada pela exposição ao cromo. No caso do
trabalhador impossibilitado de desempenhar sua função produtiva em decorrência de prejuízos à saúde, o sofrimento
psíquico se torna intenso e maciço. O trabalhador sente a desestabilização de seus vínculos e tem a percepção de seu
corpo como elemento destituído de potencialidades. Nessa condição de melancolia, a projeção da inépcia atinge as
funções egóicas e pode surgir a completa resignação. Conclui-se enfatizando a necessidade de articulação do INSS
às instituições de ensino superior. Tal articulação beneficiaria os segurados em razão da oferta de serviços de saúde
que as clínicas-escolas poderiam prestar nas ações de reabilitação.

Referências

ANCONA-LOPEZ, M. A. Avaliação de serviços de psicologia clínica. Dissertação (Mestrado em Psicologia

Clínica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1981.

ANCONA-LOPEZ, M. A. Considerações sobre o atendimento oferecido por clínicas-escola de psicologia. Arquivos

Brasileiros de Psicologia, v.39 n.2, p.123-135, 1983.

ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho – ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho, Campinas: Biotempo

Editorial, 2000.

ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 1981.

BARROS, A. J. S; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.

BRASIL. Lei nº 4.119, que dispõe sobre a formação em Psicologia e regulamenta a profissão de Psicólogo. Capítulo IV

(Artigo 16, p.3). Disponível em: http://www.pol.org.br/legislacao/pdf/lei_n_4.119.pdf acesso: 10/01/2010.

BRASIL. Decreto nº. 611, de 21 de julho de 1992. // Dá nova redação ao regulamento dos Benefícios da Previdência

Social // Lcx : Coletânea de Legislação e Jurisprudência , São Paulo, v. 56, p. 488, jul./set. 1992.

BRASIL. Parecer nº CNE/CES 0062/2004, Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em

Psicologia. Acesso em 15/07/2010, disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/ces062.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Psicologia.

Brasília: MEC, 2004.

BOLTANSKI, L. As classes sociais e o corpo. São Paulo: Paz e terra, 2004.

CAMINO, L. Uma abordagem psicossociológica no estudo do comportamento político. Psicologia & Sociedade,

São Paulo, v. 8, n. 1, p.16-42, 1996.

CARRETEIRO, T. C. A doença como projeto: Uma contribuição à análise de formas de afiliações e desafiliações

sociais. p. 87-95. In: SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: Análise Psicossocial e ética da desigualdade

social. Petrópolis: Vozes, 2004.

CODO, W. Por uma Psicologia do Trabalho. São Paulo: Caso do Psicólogo, 2006.

CORDIOLI, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. Porto Alegre: Artimed, 1998.

COSTA, J. F. Psicanálise e contexto cultural. Rio de Janeiro:Campus, 1989.

DEJOURS, C. A Loucura do Trabalho. Estudo da Psicopatologia do Trabalho. São Paulo: Oboré, 1987.

___________ . Psicodinâmica do trabalho: contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer,

sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.

___________ . A Banalização da Injustiça Social. Rio de Janeiro: FGV, 2001.

DIAS, E. A. O Manejo de Agravos à Saúde Relacionados com o Trabalho. In: MENDES, R. Patologia do Trabalho.

São Paulo: Atheneu, 1997.

GILLIÉRON, E. As psicoterapias breves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.

GÓMEZ, M. C.; LACAZ, F. A. C. Saúde do trabalhador: novas-velhas questões. Ciência: Saúde Coletiva, v.10, p.

-807, 2005.

HERRMANN, F. O que é Psicanálise: para iniciantes ou não. São Paulo: Psique, 1999.

JACQUES, M. G. C. Abordagens teórico-metodológias em saúde/doença mental & trabalho. Psicologia & Sociedade,

v.15, n.1, p. 97-116, 2003.

LACAZ, F. A . C. Reforma Sanitária e Saúde do Trabalhador. Saúde e Sociedade, Rio de Janeiro, v.3, n.1, São Paulo,

_______________ Saúde do Trabalhador: um estudo sobre as formações discursivas da academia, dos serviços e do

movimento sindical., Faculdade de Ciências Médicas [Tese de doutorado]. Universidade Estadual de Campinas,

Campinas, 1996.

_______________ Saúde dos trabalhadores: cenário e desafios. Cadernos de Saúde Pública v. 1 3 ( sup l . 2 ), p.

- 1 9, 1997 .

LACAZ, F. A. C.; MACHADO, J. M. H.; PORTO, M. F. S. Estudo da situação e Tendências da vigilância em saúde

do trabalhador no Brasil. Relatório de Pesquisa, 2002.

LACAZ, F. A. C. Saúde do Trabalhador: vinte anos de história e trajetória. In: Terceira Conferência Nacional

de Saúde do Trabalhador. Brasília, 2005, p.56-57. Disponível em: http://www.saude.sc.gov.br/SaudeTrabalhador/

conferencia_estadual/textos_apoio/TEXTOS_DE_APOIO_CEST.pdf, acesso em 08/04/2010.

LIMA, M. E. A. Trabalho e identidade: uma reflexão à luz do debate sobre a centralidade do trabalho na sociedade

contemporânea. Educação & Tecnologia. v. 12, p. 5-9, 2008.

LINHARES, M. B. M. et al. Caracterização dos motivos da procura de atendimento infantil em um serviço de

psicopedagogia clínica. Medicina. Ribeirão Preto, v. 26, n. 2, p. 148-160, 1993.

MAENO, M.; CARMO, J. C. Saúde do Trabalhador no SUS. São Paulo: Hucitec, 2005.

MENDES, R. Patologia do Trabalho. São Paulo: Atheneu, 1997.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. LERT/DORT. Dilemas, Polêmicas e Dúvidas. Brasília, 2001. Disponível em: http://

bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ler_dilemas.pdf, acesso em: 31/05/2009.

PAUGAM, S. O Enfraquecimento e a ruptura dos vínculos sociais: Uma dimensão essencial do processo de

desqualificação social. p. 67-86. In: As artimanhas da exclusão: Análise Psicossocial e ética da desigualdade

social. Bader Sawaia (org.). Vozes, Petrópólis, 2004.

PERES, V. L. A. Triagem Psicológica Grupal: procedimento e resultados obtidos com lista de espera de crianças,

adolescentes e adultos, em uma clínica-escola de psicologia. Paidéia, v.12, n.13, p.63-76, 1997.

PINHEIRO, D. P. N. A resiliência em discussão. Psicologia em Estudo. Maringá, v.9, n.1, p. 67-75, 2004.

RANIERI, J. J. A câmara escura: alienação e estranhamento em Marx. São Paulo: Boitempo, 2001.

RANIERI, J. J. Alienação e estranhamento: a atualidade de Marx na crítica contemporânea do capital. Ideias

(UNICAMP), Campinas, v.12-13, pp.177-192, 2006.

ROMARO, R. A.; CAPITÃO, C. G. Caracterização da clientela da clínica-escola de Psicologia da Universidade de

São Francisco. Psicologia: Teoria e Prática,v.5, n.1, p.111-121, 2003.

RUMIN, C. R.; SCHMIDT, M. L. G. Influências das condições e organização do trabalho de uma indústria de

transformação de cana-de-açucar na ocorrência de acidentes de trabalho. Saúde e Sociedade, v.17, n.4 São Paulo:

, p. 56-67.

SATO, L. Psicologia, saúde e trabalho: distintas construções dos objetos “trabalho” e “organizações”. p.167-178. In:

Z. A. TRINDADE & A. N. ANDRADE (Orgs.), Psicologia e saúde: um campo em construção. São Paulo: Casa

do Psicólogo, 2003.

SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. São Paulo: Editora Cultrix, 1981.

SCHMIDT, M. L. G. Qualidade total e certificação ISSO 9000: história imagem e poder. Psicologia: Ciência e

Profissão, v. 20, n.3, p. 16-23, 2000.

_____________ O Mundo do Trabalho: O Psicodrama como Instrumento de Diagnóstico da Influência da Organização

do Trabalho na Saúde dos Trabalhadores. Campinas. SP. (Tese de Doutorado - Faculdade de Ciências Médicas – Área

Saúde Ocupacional -UNICAMP), 2003.

_____________ Algumas reflexões sobre a influência de aspectos de organização do trabalho na gênese de um

acidente de trabalho. Psicologia para América Latina: São Paulo, 2006. [online], n.7, pp. 0-0.

SÊCCO, I.A.O.; GUTIERREZ, P.R.; MATSUO, T. Acidentes de trabalho em ambiente hospitalar e riscos ocupacionais

para os profissionais de enfermagem. Ciências Biológicas e da Saúde, v. 23, p.19-24, 2002.

SEGABINAZZI, C. Identidade e trabalho na sociedade capitalista. Revista Textos & Contextos. Porto Alegre, v.6,

n.1, p. 2-18, 2007.

SILVARES, E. F. M. É satisfatório o atendimento psicológico nas clínicas-escolas brasileiras? In: CARVALHO,

R. M. L. L. Repensando a formação do psicólogo: da informação à descoberta - Coletâneas da ANPEPP.

Campinas: Alínea, 1996.

SPINK, P. K. Organização como fenômeno psicossocial: notas para uma redefinição da psicologia do trabalho.

Psicologia & Sociedade; v.8, n.1, p. 174-192, 1996.

VILLWOCK, C. et al. Perfil sociodemogràfico e principais queixas dos pacientes encaminhados à clínica escola

do serviço de atendimento psicológico – CESAP/ULBRA Guaíba, 2007. Disponível em guaiba.ulbra.tche.br/

pesquisas/2007/artigos/psicologia/250.pdf; acesso em 15/05/2010.

Downloads

Publicado

04/03/2011

Como Citar

Biasi, E. Y., & Rumin, C. R. (2011). INTERVENÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR NOS ESPAÇOS DE UMA CLÍNICAESCOLA: ESTUDO DE CASO. Revista OMNIA Saúde, 5(1), 54–68. Recuperado de http://omnia.fai.com.br/omniasaude/article/view/27

Edição

Seção

Normas para Autores

Artigos Semelhantes

<< < 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 > >>