TRANSTORNOS ALIMENTARES: PSICODIAGNÓSTICO COMO POTENCIALIZADOR DO PROCESSO TERAPÊUTICO
Palavras-chave:
Transtornos Alimentares, Psicodiagnóstico, Raiva, STAXIResumo
Os estudos sobre os sinais indicativos de transtornos alimentares e as avaliações de características de personalidade que podem se associar a manifestação destes quadros de agravos à saúde, têm ocupado de modo intenso a produção em Psiquiatria e Psicologia Clínica. O presente estudo avaliou características, ainda pouco investigadas na dinâmica de ocorrência de transtornos alimentares, denominadas expressão da raiva como estado e traço. Esta escolha de análise em relação à expressão da raiva como estado e traço decorre de apontamentos na literatura especializada. Este trabalho tem o objetivo de avaliar a realização de psicodiagnósticos em indivíduos com transtornos alimentares como elemento que potencializa o processo terapêutico. A metodologia envolveu a realização de dois estudos de caso de pacientes com transtornos alimentares. A realização do psicodiagnóstico utilizou como instrumento o Inventário de Expressão de Raiva como Estado e Traço (STAXI), além da entrevista de anamnese. No paciente um, o psicodiagnóstico indicou características, como: intenso estado de raiva; sentimento de ser injustiçado; tendência de comportamento autoritário e repressão dos sentimentos de raiva; sensibilidade a criticas e avaliações; temor da ruptura de vínculos; passividade e isolamento. No paciente dois emergiram as características: rebaixado estado de raiva; disposição reduzida para vivenciar a raiva; prejuízo a simbolização; dificuldades em estabelecer parâmetros defensivos; repressão de sentimentos de raiva; temor da ruptura dos vínculos; tendência de resignação e expressão da raiva prejudicada, limitando as relações pessoais. A realização do psicodiagnóstico contribuiu com o processo terapêutico, na medida em que foi possível através deste avaliar características do controle e traço de raiva e sua relação com as queixas apresentadas pelos pacientes. Possibilitou-se que o processo psicoterápico constituísse ambiente para expressar a raiva e agressividade numa referência de continência e estabelecimento de novos significados para os afetos.
Referências
AMBULIM - Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Acessado 31 de março de 2011 em http://www.ambulim.org.br/transtornos_alimentares.php.
AURELIANO, W. A. "... e Deus criou a mulher": reconstruindo o corpo feminino na experiência do câncer de mama. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v.17, n.1, p.49-70, 2009.
AZEVEDO, A. P.; SANTOS, C. C.; FONSECA, D. C. Transtorno da compulsão alimentar periódica. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v.31, n.4, p.170-172, 2004.
BARBIERI, V; JACQUEMIN, A.; ALVES, Z. M. M. B. Alcances e limites do Psicodiagnóstico Interventivo no tratamento de crianças anti-sociais. Paidéia, Ribeirão Preto, v.14, n.28, p.153-167, 2004.
BARRETO, A. L. H.; FIGUEIRÓ, A. S.; SOARES, R. M. Padrão alimentar e manejo nutricional dos transtornos alimentares. In: NUNES, M. A. Transtornos alimentares e obesidade. 2ª edição – Porto Alegre: Artmed, p.117-124, 2006.
BELINTANI, G. Histeria. Revista de Psicologia da Vetor, São Paulo, v.4, n.2, p.56-69, 2003.
BENEDETTO, C. D. Questões investigativas sobre obesidade e gênero. In: FRANQUES, A. R. M.; ARENALES-LOLI, M. S. Contribuições da psicologia na cirurgia da obesidade. São Paulo: Vetor, p.115-124, 2006.
BRANDÃO, M. L.; MORATO, S. Comportamento alimentar. In: BRANDÃO, M. L. Psicofisiologia: as bases fisiológicas do comportamento. São Paulo: Atheneu, p.75-91, 2005.
BUSSE, S. R.; SILVA, B. L. Transtornos alimentares. In: BUSSE, S. R. (organizador). Anorexia, bulimia e obesidade. Barueri: Manole, p.31-99, 2004.
CÂMARA, G. F. A formação do eu e o poder da psicanálise. Cógito, Salvador, v.11, p.20-25, 2010.
CASTILLO, A. R. G. L.; CASTILLO, J. C. R. Transtornos da alimentação e transtorno obsessivo-compulsivo. In: BUSSE, S. R. (organizador). Anorexia, bulimia e obesidade. Barueri: Manole, p.13-29, 2004.
CORDÁS, T. A. Transtornos alimentares. In: ALMEIDA, O. P.; DRATCU, L. LARANJEIRA, R. Manual de psiquiatria. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.187-196, 1996.
DONATO, A.; OSORIO, M. G. F.; PASCHOAL, P. V.; MARUM, R. H. Obesidade. In: BUSSE, S. R. (organizador). Anorexia, bulimia e obesidade. Barueri: Manole, p.31-99, 2004.
DUCHESNE, M.; APPOLINARIO, J. C.; RANGÉ, B. P.; FREITAS, S.; PAPELBAUM, M.; COUTINHO, W. Evidências sobre a terapia cognitivo-comportamental no tratamento de obesos com transtorno da compulsão alimentar periódica. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.29, n.1, p.80-92, 2007.
FRANQUES, A. R. M.; ASCENCIO, R. F. R. Depressão e obesidade. In: FRANQUES, A. R. M.; ARENALES-LOLI, M. S. Contribuições da psicologia na cirurgia da obesidade. São Paulo: Vetor, p.125-136, 2006.
FREITAS, S.; GORENSTEIN, C. e APPOLINARIO, J. C. Instrumentos para a avaliação dos transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v.24, suppl.3, p.34-38, 2002.
HERRMANN, F. Pesquisando com o método psicanalítico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.
JUNQUEIRA FILHO, L. C. U. A “disputa” (prise de Bec) entre Beckett e Bion: a “experimentação” do insight no resplendor da obscuridade. Revista Brasileira de Psicanálise, São Paulo, v.42, n.2, p.103-117, 2008.
KOVÁCS, M. J. Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
LAZZARI, J. M. W.; SCHMIDT, E. B. Percepção dos pais em relação a mudanças após o processo psicodiagnóstico. Avaliação psicológica, Porto Alegre, v.7, n.2, p.211-221, 2008.
LEITE, S. Delírio: contorno do real. Psychê, São Paulo, v.10, n.17, p.157-167, 2006.
MAGGI, N. R. A criança em situações de adoção e a clínica psicanalítica: o registro identificatório e os recursos no processo de simbolização. Estudos de Psicanálise, Aracaju, n.32, p.141-146, 2009.
NAKAMURA, E.. Representações sobre o corpo e hábitos alimentares: o olhar antropológico sobre aspectos relacionados aos transtornos alimentares. In: BUSSE, S. R. (organizador). Anorexia, bulimia e obesidade. Barueri, SP: Manole, p.13-29, 2004.
NUNES, A. L.; VASCONCELOS, F. A. G. Transtornos alimentares na visão de meninas adolescentes de Florianópolis: uma abordagem fenomenológica. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v.15, n. 2, p.539-550, 2010.
NUNES, M. A.; APPOLINARIO, J. C.; GALVÃO, A. L. e COUTINHO, W. Psicoterapia dos transtornos alimentares. In: NUNES, M. A. Transtornos alimentares e obesidade. Porto Alegre: Artmed, p.137-144, 2006.
OLIVEIRA, M. P. Melanie Klein e as fantasias inconscientes. Winnicott e-prints, São Paulo, v.2, n.2, p.01-19, 2007.
SANTORO, V. C. A dama de lagartixa: um caso de fobia. Reverso, Belo Horizonte, v.30, n.56, p. 77-83, 2008.
SPIELBERGER, C. D. Manual do Inventário de Expressão de Raiva como Estado e Traço (STAXI). 2ª ed. São Paulo: Vetor, 2003.
VITOLO, M. R.; BORTOLONI, G. A. e HORTA, R. L. Prevalência de compulsão alimentar entre universitárias de diferentes áreas de estudo. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v.28, n.1, p.20-26, 2006.