CARACTERIZAÇÃO DO TRABALHO NA INDÚSTRIA DE CONFECÇÃO: PROCESSO DE TRABALHO E O DESGASTE DA SAÚDE
Palavras-chave:
Indústria de Confecções, Costureiras, Saúde do Trabalhador, Psicodinâmica do trabalho.Resumo
Este trabalho teve por objetivo caracterizar o modo como o trabalho na indústria de confecções determina agravos ao quadro geral de saúde dos trabalhadores. Trata-se de um estudo que empregou a revisão narrativa como método de pesquisa. Os textos utilizados para caracterizar o trabalho na indústria de confecções foram encontrados nas bases de dados indexadas Scielo e BVS-Psi. Estas informações foram analisadas a partir das categorias analíticas definidas pela psicodinâmica do trabalho: organização do trabalho, condições de trabalho e insatisfação. Os resultados indicam que a rígida organização do trabalho proporciona a intensificação do trabalho, ocasionando lesões osteomusculares e manifestações de sofrimento psíquico. As condições de trabalho representam riscos à saúde, em virtude da exposição ao ruído, temperaturas elevadas e exigências ergonômicas inadequadas. A insatisfação envolve as ameaças constante de demissão, a caráter restrito das pausas no trabalho, o valor reduzido recebido por peças e o trabalho domiciliar. Conclui-se, apontando que a observação das publicações que abordam o trabalho nas indústrias de confecção, deixa claro o modo como a atividade laboral determina prejuízos ao quadro geral de saúde. A recente disponibilização de informações pelo Ministério da Previdência Social sobre acidentes do trabalho e doenças, nos distintos grupos de atividades econômicas, delimita o padrão de morbidade desta população trabalhadora.
Referências
ALVES, G. Trabalho, corpo e subjetividade: toyotismo e formas de precariedade no capitalismo global. Trabalho, Educação e Saúde, v.3, n.2, p.409-428, 2005a.
ALVES, G. O novo (e precário) mundo do trabalho: reestruturação produtiva e crise do sindicalismo. São Paulo: Boitempo, 2005b.
AMBROSI, D.; QUEIROZ, M.F.F. Compreendendo o trabalho da costureira: um enfoque para a postura sentada. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v.29, n.109, p.11-19, 2004.
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. Campinas: Cortez, 2002.
ANTUNES, R. O caráter polissêmico e multifacetado do mundo do trabalho. Revista Educação, Saúde e Trabalho, v.1, n.2, p.53-61, 2003.
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo, 2006.
ARAÚJO, A.M.C.; AMORIM, E.R.A. Redes de subcontratação e trabalho a domicílio na indústria de confecção: um estudo na região de Campinas. Cadernos Pagu, n.17-18, p.267-310, 2002.
ARAUJO, T.E.; VIEIRA, S.M.G.; CARVALHO, P.R. A. Profilaxia para úlcera de estresse em pacientes internados em UTI pediátrica. Jornal de Pediatria, v.86, n.6, p.525-530, 2010.
BARRETO, M. A indústria do vestuário e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras. Coleção Cadernos de Saúde do Trabalhador. São Paulo: FUNDACENTRO, 2000.
BRASIL. Ministério da Previdência Social. Segurança e saúde ocupacional: tabelas. Disponível em: http://www.previdencia.gov.br/estatisticas/menu-de-apoio-estatisticas-seguranca-e-saude-ocupacional-tabelas/ Acesso em: 14 de Fevereiro de 2014
DAL ROSSO, S. Mais trabalho! A intensificação do labor na sociedade contemporânea. São Paulo: Boitempo Editorial, 2008.
DEJOURS, C. Repressão e subversão em psicossomática: pesquisas psicanalíticas sobre o corpo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,1997.
DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez, 1992.
DEJOURS, C.; ABDOUCHELI, E.; JAYET, C. Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da Relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1994.
DEJOURS, C. Conferências brasileiras: identidade, reconhecimento e transgressão no trabalho. São Paulo: Fundap/EAESP/FGV, 1999.
DEJOURS, C. A banalização da injustiça social. Rio de Janeiro: FGV, 2001.
DEJOURS C. Subjetividade, trabalho e ação. Revista Produção, v.14, n.3 p.27-34, 2004.
ESPÍRITO SANTO, A.F.; PAULA, J.A.; PEREIRA, O.A.V. Percepção de trabalhadores de uma indústria têxtil sobre os riscos de seu ambiente de trabalho. Revista Enfermagem Integrada, v.2, n.1, p.188-199, 2009.
FONSECA, T.M.G. Gênero, subjetividade e trabalho. Petrópolis: Vozes, 2000.
GARCIA JÚNIOR, A.C. Condições de trabalho e saúde dos trabalhadores da Indústria do vestuário de Colatina. [Dissertação]. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2006.
ILDEFONSO, S. de A.G; BARBOSA-BRANCO, A.; ALBUQUERQUE-OLIVEIRA, P.R. Prevalência de benefícios de seguridade social temporários devido à doença respiratória no Brasil. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.35, n.1, p.44-53, 2009.
LUCCA, S.R.; FÁVERO, M. Os acidentes do trabalho no Brasil – algumas implicações de ordem econômica, social e legal. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, v.22, n.81, p.7-14, 1994.
MACIEL, Á.C.C.; FERNANDES, M.B.; MEDEIROS, L.S. Prevalência e fatores associados à sintomatologia dolorosa entre profissionais da indústria têxtil. Revista Brasileira de Epidemiologia, v.9, n.1, p.94-102, 2006.
MATOS, J.O. Os sentidos do trabalho: a experiência de trabalhadoras de facções de costura da indústria de confecções no Ceará. [Dissertação]. Universidade Federal do Ceará, Departamento de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Fortaleza-CE, 2008. 130 f.
MORAES, M.A.A; ALEXANDRE, N.M.C.; GUIRARDELLO, E. de B. Sintomas músculos-esqueléticos e condições de trabalho de costureiras de um hospital universitário. Revista Paulista de Enfermagem, v.21, n.3, p.249-254, 2002.
NAVARRO, V.L. Trabalho e trabalhadores do calçado. A indústria calçadista de Franca (SP): das origens artesanais à reestruturação produtiva. São Paulo: Expressão Popular, 2006.
NEVES, M.A. PEDROSA, C.M. Gênero, flexibilidade e precarização: o trabalho a domicílio na indústria de confecções. Sociedade e Estado, v.22, n.1, p.11-34, 2007.
PIMENTEL, L.C.T. O trabalho e o processo de saúde-doença das costureiras por facção – região metropolitana de Goiânia. [Dissertação]. Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 2010.
PRADO, R.R. Avaliação da qualidade de vida na indústria do vestuário: o caso de costureiras portadoras de lombalgias. [Dissertação]. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, Bauru, 2006.
SANTO, A. de F.E.; PAULA, J. de A.; PEREIRA, O.A.V. Percepção de trabalhadores de uma indústria têxtil sobre os riscos de seu ambiente de trabalho. Revista Enfermagem Integrada, v.2, n.1, p.188-199, 2009.
SENA, R.B.; FERNANDES, M.G. FARIAS, A.P.S. Análise dos riscos ergonômicos em costureiras utilizando o software era (ergonomic risk analysis) em uma empresa do pólo de confecções do Agreste de Pernambuco. In: XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. Rio de Janeiro, 13 a 16 de outubro de 2008.
TEIXEIRA, D.P.; PAIVA, M.T.; NUNES, M.C.R. Identificação de fatores de risco para LER/DORT em uma indústria de confecção da cidade de Ubá/MG. IV Workshop de Análise Ergonômica do Trabalho – UFV. I Encontro Mineiro De Estudos Em Ergonomia. Viçosa-MG, 2009.
